Muitos pais e educadores se perguntam por que certos sons causam tanto incômodo para algumas crianças com autismo. Um ruído que passa despercebido por uns pode ser absolutamente perturbador para outros. Essa diferença de percepção está ligada à sensibilidade auditiva, uma característica bastante comum no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Entender essa sensibilidade é o primeiro passo para oferecer um ambiente mais acolhedor e ajudar a criança a se sentir segura em diferentes contextos.
O que é sensibilidade auditiva?
Sensibilidade auditiva, ou hipersensibilidade sonora, é quando uma pessoa reage de forma intensa a sons que a maioria considera normais ou até suaves. Isso pode incluir o barulho de eletrodomésticos, buzinas, pessoas falando alto, sirenes, música ou até aplausos.
Esses sons podem causar reações como:
- Desconforto extremo
- Irritabilidade
- Medo ou choro
- Tentativas de fugir do ambiente
No contexto do TEA, essa sensibilidade se relaciona com o processamento sensorial atípico, uma das características frequentemente observadas no espectro.
A sensibilidade auditiva no autismo é comum?
Sim. Estima-se que mais de 70% das crianças autistas apresentam algum tipo de hipersensibilidade sensorial, sendo a auditiva uma das mais frequentes.
Essa sensibilidade não indica “manha” ou “birra”, mas sim uma dificuldade real de lidar com estímulos que sobrecarregam os sentidos. Muitas vezes, a criança não consegue expressar o incômodo com palavras, mas o demonstra por meio de comportamentos como se tampar os ouvidos, gritar, chorar ou se isolar.
Por isso, identificar os sinais corretamente é essencial — inclusive no contexto escolar. Entender os sinais de autismo em sala de aula pode fazer toda a diferença.
Como identificar a sensibilidade auditiva em crianças autistas
Os sinais podem variar, mas alguns comportamentos comuns incluem:
- Cobrir os ouvidos em ambientes barulhentos;
- Rejeitar festas, shoppings ou lugares com aglomeração;
- Ficar irritado com sons que outros não percebem;
- Pedir para desligar música, televisão ou eletrodomésticos;
- Dificuldade de concentração em locais ruidosos;
- Crises sensoriais após exposição a sons altos.
Esses sinais são importantes para diferenciar entre uma preferência individual e uma hipersensibilidade que exige atenção e suporte específico.
Situações do dia a dia que podem ser desconfortáveis
A criança com sensibilidade auditiva pode sofrer em diversas situações cotidianas, como:
- Ambientes escolares barulhentos
- Recreações com som alto
- Festas de aniversário (confira dicas para tornar a experiência mais positiva neste conteúdo sobre criança autista em festas)
- Passeios a shoppings ou supermercados
- Consultórios médicos com sons intermitentes
- Trânsito e buzinas
Entender essas situações permite que a família se antecipe e minimize o impacto desses estímulos.
Como ajudar a reduzir o impacto da sensibilidade auditiva
A boa notícia é que existem estratégias práticas e profissionais que podem ajudar a criança com autismo a lidar melhor com a hipersensibilidade sonora. Abaixo, destacamos algumas:
Abafadores e fones de ouvido específicos para autismo
Dispositivos como abafadores auriculares e fones com redução de ruído podem ajudar a filtrar sons excessivos e proporcionar alívio em ambientes desafiadores. O ideal é testá-los com calma, respeitando o tempo da criança para se adaptar.
Esses acessórios são especialmente úteis em:
- Viagens longas
- Salas de espera
- Ambientes escolares com muita movimentação
- Festas e eventos
Adaptações do ambiente para maior conforto sonoro
Pequenas mudanças podem fazer grande diferença:
- Diminuir o volume da TV e outros aparelhos;
- Evitar brinquedos com som muito alto;
- Escolher horários mais calmos para realizar atividades externas;
- Criar um “cantinho do silêncio” em casa, com almofadas, luz suave e objetos que tragam conforto.
Essas adaptações mostram à criança que o mundo pode ser ajustado para acolher sua forma de perceber os sons.
Acompanhamento profissional para o desenvolvimento
Nem sempre a sensibilidade auditiva desaparece por completo, mas com o suporte adequado, é possível reduzir seu impacto no bem-estar e na rotina da criança.
Na bloomy, oferecemos uma abordagem multidisciplinar para trabalhar as questões sensoriais no autismo. Isso inclui:
- Avaliações com terapeutas ocupacionais, que identificam o perfil sensorial da criança;
- Planos personalizados com uso de técnicas da terapia ABA no autismo, adaptadas para lidar com estímulos auditivos;
- Estratégias para ajudar a criança a comunicar seu desconforto e buscar alternativas;
- Apoio à família e à escola para criar uma rede de suporte contínuo;
- Indicação de recursos como abafadores, atividades reguladoras e orientações personalizadas para cada fase do desenvolvimento.
Aliar essas estratégias ao diagnóstico precoce do autismo pode melhorar significativamente a qualidade de vida da criança e da família.