A sensibilidade sensorial é um dos aspectos mais marcantes no Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pode impactar profundamente a forma como a criança percebe o mundo ao seu redor.
Luzes, sons, cheiros, texturas e até movimentos que parecem comuns para a maioria das pessoas podem ser intensamente incômodos — ou, ao contrário, quase imperceptíveis — para crianças com autismo.
Compreender e respeitar esses sinais é essencial para promover bem-estar, autonomia e inclusão desde os primeiros anos de vida. Entenda mais sobre a sensibilidade sensorial no autismo, a seguir!
O que é sensibilidade sensorial e como se manifesta no autismo
A sensibilidade sensorial no autismo diz respeito à forma como o cérebro da criança processa os estímulos do ambiente.
No TEA, esse processamento pode acontecer de maneira diferente, gerando reações exacerbadas (hipersensibilidade) ou respostas pouco intensas (hipossensibilidade) a determinados estímulos.
Diferença entre hipersensibilidade e hipossensibilidade sensorial
- Hipersensibilidade: a criança sente um estímulo com intensidade acima do normal. Um simples toque, um som agudo ou uma roupa com etiqueta podem ser desconfortáveis ou até dolorosos. Casos como a sensibilidade auditiva no autismo são comuns e podem gerar crises ou evitação social.
- Hipossensibilidade: o oposto. A criança não percebe determinados estímulos ou precisa de mais intensidade para reagir. Pode buscar sensações constantemente, como balançar o corpo, se jogar no chão ou gritar — comportamentos muitas vezes mal interpretados como “agitação”.
Tipos de sensibilidades sensoriais mais comuns em crianças
As alterações sensoriais podem ocorrer em qualquer um dos sentidos:
- Auditiva: sons considerados comuns (como sirenes, buzinas ou secadores de cabelo) podem ser angustiantes. Saiba mais no artigo sobre sensibilidade auditiva no autismo.
- Tátil: dificuldade com texturas, roupas, etiquetas, cortes de cabelo ou toques inesperados.
- Visual: incômodo com luzes fortes, ambientes coloridos ou excesso de estímulos visuais.
- Olfativa e gustativa: seletividade alimentar, aversão a cheiros ou busca por alimentos com sabores muito fortes.
- Vestibular e proprioceptiva: dificuldade de equilíbrio, necessidade de se movimentar o tempo todo, gosto por apertar objetos ou se balançar.
Essas manifestações podem ser observadas também em eventos como festas e datas comemorativas. Nosso artigo sobre criança autista em festas traz dicas valiosas sobre como acolher essas particularidades.
Impactos da sensibilidade sensorial no comportamento e na rotina
A sensibilidade sensorial no autismo pode afetar diretamente o comportamento da criança, sua interação com outras pessoas e sua participação em atividades cotidianas.
A recusa para ir à escola, crises frequentes, resistência ao banho, à troca de roupa ou à alimentação, por exemplo, podem ter base sensorial.
Essas dificuldades também interferem em habilidades como a comunicação, a socialização e a autonomia. Por isso, é essencial que pais, professores e terapeutas estejam atentos aos sinais e saibam como adaptar o ambiente e a rotina da criança.
Como ajudar o autista a lidar com a sensibilidade sensorial
O primeiro passo é a observação atenta e sem julgamento. Cada criança com TEA é única, e suas respostas sensoriais também. Algumas estratégias que podem ajudar:
- Mapear quais estímulos geram desconforto ou prazer;
- Adaptar a rotina para reduzir exposições intensas;
- Incluir pausas sensoriais no dia a dia;
- Utilizar recursos como abafadores de som, roupas com tecidos confortáveis ou brinquedos sensoriais.
Com o tempo, a criança pode desenvolver mais tolerância a certos estímulos — mas isso deve ocorrer no seu ritmo e com o suporte adequado.
Adaptações no ambiente que reduzem desconfortos sensoriais
Pequenas mudanças fazem grande diferença. Em casa, na escola ou em espaços públicos, é possível criar ambientes mais acolhedores, acessíveis e organizados, respeitando as necessidades sensoriais da criança com TEA e evitando sobrecargas que possam levar a crises ou desconfortos.
- Iluminação indireta ou ajustável (evite luzes fluorescentes);
- Redução de ruídos intensos, sons contínuos ou imprevisíveis;
- Uso de materiais táteis agradáveis, como tecidos macios e sem etiquetas;
- Ambientes com cheiros neutros e bem ventilados;
- Criação de um “cantinho do sossego” com elementos reguladores (puffs, fones abafadores, brinquedos sensoriais);
- Organização visual do espaço para facilitar a previsibilidade e reduzir distrações.
Essas adaptações favorecem não só o conforto, mas também o engajamento da criança em atividades do cotidiano, promovendo segurança e bem-estar.
Quando procurar tratamento para sensibilidade sensorial no autismo
Se a sensibilidade sensorial interfere nas atividades diárias da criança — como alimentação, sono, brincadeiras, interações sociais ou aprendizagem — é hora de buscar ajuda profissional.
Por exemplo, aqui na bloomy, realizamos uma avaliação individualizada que considera todo o perfil sensorial da criança.
Nossos profissionais utilizam abordagens como a terapia ABA no autismo e estratégias de integração sensorial que ajudam a criança a compreender e lidar melhor com seus estímulos internos e externos.
Além disso, nosso cuidado envolve toda a rede: acolhemos pais, professores e familiares para explicar como os estímulos impactam a criança e quais são os recursos mais adequados.
Atuamos de forma integrada e empática, valorizando as conquistas no tempo de cada um — desde o diagnóstico precoce do autismo até a construção da autonomia.
Sensibilidade sensorial não precisa ser uma barreira — pode ser o início de uma escuta mais atenta, um cuidado mais humano e um caminho para o desenvolvimento.