Mudar de casa, de cidade ou até mesmo de rotina já é desafiador para qualquer família. Quando se trata de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esses momentos podem gerar ainda mais ansiedade e insegurança — afinal, o previsível é uma âncora importante para elas.
A rigidez cognitiva, característica comum no autismo, faz com que mudanças bruscas de ambiente ou rotina sejam percebidas como ameaças. Por isso, preparar a criança com antecedência, acolher suas emoções e adotar estratégias sensoriais e comportamentais adequadas faz toda a diferença.
O impacto da mudança para crianças com autismo
Crianças com TEA costumam se apegar a rotinas estruturadas, lugares familiares e sequências previsíveis. A mudança de casa — ou mesmo alterações simples no ambiente — pode representar uma quebra nesse padrão, desencadeando comportamentos desafiadores, episódios de ansiedade ou até crises sensoriais.
É importante lembrar que isso não se trata de “teimosia” ou “birra”, mas de uma reação real diante da perda de referências. Assim como explicamos em nosso conteúdo sobre regulação emocional no autismo, respeitar e nomear as emoções é um passo essencial.
Como preparar a criança para a mudança
A preparação é o segredo para reduzir os impactos. Veja algumas sugestões:
- Comunique com antecedência, de forma clara e visual. Utilize calendários, histórias sociais ou mapas visuais para mostrar o que vai mudar.
- Visite o novo local (se possível) antes da mudança definitiva. Permita que a criança explore e reconheça os novos espaços no seu tempo.
- Mantenha objetos familiares por perto: brinquedos, travesseiros, roupas ou cheiros que transmitam segurança.
- Explique o porquê da mudança com linguagem acessível, respeitando o nível de compreensão da criança.
- Valide os sentimentos. Frases como “entendo que é difícil mudar” ajudam a construir segurança emocional.
Essas medidas são especialmente úteis em períodos como o retorno às aulas de crianças com TEA, que também envolvem transições e readaptações importantes.
Estratégias para manter uma rotina segura
Mesmo com mudanças externas, a rotina pode — e deve — ser adaptada para manter referências seguras para a criança. Algumas ideias:
- Recrie horários semelhantes aos anteriores (alimentação, sono, brincadeiras);
- Use quadros visuais para organizar o dia e antecipar o que vem pela frente;
- Inclua momentos de previsibilidade (como músicas conhecidas ou histórias repetidas);
- Estimule atividades que envolvam a criança com o novo ambiente — montar o quarto, escolher itens da decoração, organizar brinquedos etc.
A previsibilidade reduz a ansiedade e ajuda a criança a se sentir novamente no controle.
Mudanças e sensibilidade sensorial
Um dos aspectos que mais impacta crianças autistas em mudanças são os estímulos sensoriais. Sons novos, cheiros diferentes, texturas de objetos ou a iluminação do novo ambiente podem ser gatilhos importantes.
Como explicamos em nosso conteúdo sobre sensibilidade auditiva no autismo, até mesmo barulhos inofensivos para os adultos podem gerar desconforto intenso.
Por isso, observar as reações da criança ao novo ambiente e fazer pequenas adaptações — como luzes mais suaves, fones abafadores de som ou aromatizadores com cheiros familiares — é uma atitude de cuidado.
Como a escola pode ajudar durante o período de transição
A escola é um ambiente estruturante para muitas crianças, inclusive aquelas com TEA. Durante o processo de mudança, é importante que os professores e a equipe pedagógica estejam cientes da transição e apoiem emocionalmente a criança.
Indique estratégias já utilizadas anteriormente, compartilhe o que funciona em casa e mantenha a parceria entre família e escola. Essa colaboração fortalece o acolhimento e reduz comportamentos desafiadores em sala.
Quando buscar ajuda profissional
Mudanças podem desencadear crises emocionais, alterações comportamentais ou regressões temporárias — o que não é incomum em crianças com autismo. Mas quando os sinais persistem, ou a criança demonstra sofrimento intenso, o acompanhamento especializado é essencial.
Na bloomy, oferecemos suporte integral às famílias em momentos de transição. Nossas equipes trabalham com terapias baseadas em evidências, como a terapia ABA no autismo, combinando técnicas que ajudam a criança a se adaptar com mais autonomia e bem-estar.
Além disso, nossa abordagem considera a sensibilidade sensorial, as necessidades emocionais e a singularidade de cada criança — criando planos individualizados que acompanham o desenvolvimento em todas as fases.