por Dra Michele Rodrigues, neuropsicopedagoga
A regulação emocional é uma habilidade essencial para o desenvolvimento humano, e no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse processo pode apresentar desafios significativos. Crianças com TEA frequentemente vivenciam dificuldades para reconhecer, expressar e lidar com emoções intensas, como frustração, raiva, medo ou excitação. Tais dificuldades não devem ser interpretadas como desobediência ou falta de limites, mas como parte das características neurodesenvolvimentais do espectro.
Por que a regulação emocional é mais difícil no TEA?
Segundo estudos da área de neurociência do desenvolvimento, crianças com TEA apresentam alterações em áreas cerebrais associadas ao processamento emocional, como a amígdala e o córtex pré-frontal. Essas alterações podem resultar em respostas emocionais mais intensas e dificuldade em controlar impulsos. Além disso, a sensibilidade sensorial, a rigidez cognitiva e os desafios de linguagem também contribuem para a dificuldade de autorregulação.
A regulação emocional não é inata, mas aprendida. Por isso, crianças com TEA precisam de adultos que sirvam como mediadores constantes. Em casa, algumas estratégias podem ser utilizadas:
- Nomear as emoções: Dar nome ao que a criança sente ajuda a organizar a experiência emocional.
- Estabelecer rotinas previsíveis: A previsibilidade reduz a ansiedade e facilita o controle emocional.
- Utilizar recursos visuais: Cartazes de emoções, escalas de humor ou sinais podem apoiar a comunicação não verbal.
- Oferecer um espaço seguro: Criar um local de calma para momentos de sobrecarga favorece o autocontrole.
Na bloomy (www.bloomy.com.br), desenvolvemos materiais que apoiam as famílias na construção dessas práticas, com base em evidências e orientações personalizadas para cada perfil de criança.
No ambiente escolar, o apoio emocional deve ser parte da rotina pedagógica. Professores e educadores são figuras centrais no desenvolvimento de estratégias de autorregulação. Algumas práticas eficazes incluem:
- Observar sinais de sobrecarga emocional: Como isolamento, choro, agitação ou irritabilidade repentina.
- Acolher sem julgamento: Validar o sentimento da criança, mesmo quando não compreendido de imediato.
- Oferecer pausas e cantinhos de calma: Espaços estruturados para que a criança possa se reorganizar emocionalmente.
- Sinalizar transições com antecedência: Minimizar rupturas súbitas ajuda a manter o equilíbrio emocional.
Essas intervenções não substituem atendimentos terapêuticos, mas funcionam como uma rede de apoio contínuo. A bloomy colabora com escolas e professores para desenvolver programas de formação, materiais visuais e orientações práticas sobre como lidar com situações de desregulação emocional.
Toda criança sente. E toda criança precisa aprender a lidar com o que sente — especialmente aquelas com TEA. A regulação emocional é um processo que se constrói com tempo, prática e, sobretudo, apoio. A escola, a família e os profissionais devem atuar de forma colaborativa, criando ambientes onde a criança possa reconhecer, expressar e transformar suas emoções em experiências de aprendizado e convivência.