O hiperfoco é um dos traços mais comentados e, muitas vezes, incompreendidos do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele pode ser uma porta de entrada para aprendizagens significativas, mas também representa desafios no dia a dia da criança, especialmente em ambientes como a escola e em relações sociais.
Na bloomy, acreditamos que compreender o hiperfoco no autismo é essencial para transformar esse comportamento em uma ferramenta positiva de desenvolvimento.
Neste artigo, você vai entender o que é o hiperfoco, por que ele acontece com tanta frequência entre pessoas com TEA, como identificá-lo e, acima de tudo, como lidar com ele de forma acolhedora e produtiva.
O que é o hiperfoco e como ele se manifesta no autismo
O hiperfoco é caracterizado por uma atenção intensa, profunda e sustentada em um interesse específico. Diferente de uma simples preferência, o hiperfoco pode durar horas, dias ou mesmo semanas, ocupando boa parte da energia e do tempo da criança.
Em crianças com autismo, esse comportamento aparece de forma recorrente e costuma envolver temas como dinossauros, mapas, calendários, eletrônicos, personagens ou rotinas. É comum que a criança repita assuntos, faça perguntas semelhantes ou organize objetos relacionados ao interesse.
Esse foco intenso pode ser produtivo, mas também gerar rigidez, dificuldade de transição entre atividades e prejuízo nas interações sociais. Por isso, é importante compreender como utilizá-lo a favor da criança.
Porque pessoas com TEA tendem ao hiperfoco
As neurociências explicam que o cérebro de uma pessoa com TEA funciona de forma diferente no processamento de estímulos, na regulação emocional e na organização da atenção. Isso faz com que temas altamente estimulantes ou previsíveis ganhem grande destaque na experiência sensorial dessas crianças.
Além disso, o hiperfoco pode funcionar como uma estratégia de regulação emocional. Quando a criança está ansiosa ou sobrecarregada, concentrar-se intensamente em algo prazeroso ajuda a reduzir a tensão.
Estudos, como o publicado na Frontiers in Psychology (2023), apontam que o hiperfoco está ligado à busca por padrões, repetições e previsibilidade. Em um mundo que muitas vezes parece caótico, o interesse fixo oferece segurança.
Diferença entre hiperfoco e déficit de atenção
É comum confundir o hiperfoco no autismo com dificuldades de atenção, como as do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Embora possam coexistir, são fenômenos distintos.
Enquanto o TDAH se caracteriza por dispersão, impulsividade e dificuldade de manter o foco, o hiperfoco é justamente o oposto: um foco excessivo em algo específico. A criança pode, inclusive, perder a noção do tempo e ignorar tudo ao redor.
Para entender melhor os extremos da atenção, sugerimos a leitura do artigo sobre hiperfoco e desinteresse no autismo, também aqui no blog da bloomy.
Como o hiperfoco pode influenciar o aprendizado e o desenvolvimento
O hiperfoco pode ser uma ponte poderosa para o aprendizado. Quando bem direcionado, permite à criança desenvolver habilidades linguísticas, cognitivas e motoras por meio dos seus temas de interesse.
Por outro lado, se não for acompanhado de maneira adequada, pode dificultar a aquisição de outras habilidades importantes. Por exemplo, a criança pode não querer participar de atividades coletivas ou ignorar tarefas escolares que não envolvam o seu foco de interesse.
Na sala de aula, esse comportamento pode gerar equívocos e ser confundido com oposicionismo. Por isso, identificar os sinais de autismo em sala de aula e utilizar o hiperfoco como aliando é uma prática recomendada.
Exemplos mais comuns de hiperfoco em crianças com TEA
Cada criança autista tem seus interesses específicos, mas alguns temas são mais frequentes:
- Dinossauros, planetas e ciências
- Super-heróis, desenhos animados ou personagens
- Números, letras, calendários e mapas
- Sons repetitivos, brinquedos com luzes ou engrenagens
- Jogos eletrônicos ou o uso de telas no autismo
Esses interesses podem ser utilizados como ponto de partida para novas aprendizagens, com criatividade e acolhimento.
Estratégias para lidar com o hiperfoco de forma positiva
Lidar com o hiperfoco requer um olhar sensível, técnico e empático. Ao invés de interromper ou bloquear o interesse da criança, o ideal é incorporá-lo na rotina:
- Use o tema preferido para ensinar outras habilidades (como usar um quebra-cabeça de dinossauros para contar números)
- Estabeleça rotina estruturada no autismo, com tempos definidos para explorar o hiperfoco
- Introduza gradualmente novos temas, sempre conectando ao foco principal
Essas técnicas também são usadas para desenvolver habilidades do dia a dia para crianças com TEA, como higiene, organização e convivência.
Quando procurar ajuda de profissionais especializados
Nem todo hiperfoco no autismo exige intervenção. Mas, é importante buscar ajuda quando:
- O foco prejudica a socialização, a comunicação ou a aprendizagem
- A criança demonstra sinais de estresse ao ser afastada do interesse
- Há regressão de outras habilidades ou isolamento social
A equipe da bloomy está preparada para avaliar cada caso com cuidado, criando estratégias personalizadas para que o hiperfoco se torne um aliado, não um obstáculo.
O papel da bloomy com o hiperfoco no TEA
Na bloomy, o hiperfoco é respeitado e utilizado como ponte para o desenvolvimento.
Nossa equipe multidisciplinar trabalha com planos terapêuticos personalizados que consideram os interesses da criança como ponto de partida para novas conquistas.
Usamos recursos como jogos temáticos, histórias sociais e atividades adaptadas que transformam o foco intenso em motivação para aprender. Com escuta ativa, acolhimento e conhecimento técnico, tornamos o hiperfoco uma ferramenta de autonomia.
Pontes de aprendizagem
O hiperfoco no autismo não deve ser visto como um problema, mas como um aspecto natural da neurodiversidade que, quando bem compreendido, pode impulsionar o desenvolvimento.
Na bloomy, clínica especializada em autismo em São Paulo, valorizamos o que faz sentido para cada criança e usamos seus interesses para construir pontes de aprendizagem. Por meio da escuta ativa, planejamento e acolhimento, transformamos desafios e possibilidades.
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