A curiosidade é uma força poderosa no desenvolvimento infantil. É por meio dela que a criança testa hipóteses, faz perguntas, explora objetos e aprende sobre o mundo. No contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa curiosidade pode se manifestar de maneiras diferentes, exigindo do adulto um olhar sensível e estratégias intencionais para favorecer a iniciativa e a autonomia da criança.
Crianças com TEA tendem a ter maior previsibilidade em seus comportamentos e interesses, o que pode gerar menos abertura espontânea para explorar novos ambientes, objetos ou pessoas. Mas isso não significa falta de curiosidade — e sim que o impulso para explorar pode estar condicionado à sensação de segurança, familiaridade e acolhimento.
Por que incentivar a curiosidade no autismo?
A curiosidade é um dos motores do desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Quando a criança com TEA é estimulada de forma respeitosa, dentro de seu ritmo, ela tende a:
- Ampliar seu repertório de interesses;
- Desenvolver habilidades comunicativas (verbais e não verbais);
- Melhorar a autorregulação emocional;
- Fortalecer vínculos com adultos e outras crianças.
Pesquisas como as de Kasari et al. (2015) e Schreibman et al. (2015) mostram que a iniciativa compartilhada — ou seja, uma interação em que o adulto propõe algo, observa a resposta da criança e responde de forma contingente — é uma das formas mais eficazes de promover engajamento e aprendizagem no TEA.
Como estimular a iniciativa da criança com TEA em casa?
No ambiente familiar, pequenas ações do dia a dia já podem ser oportunidades valiosas. Algumas sugestões incluem:
- Apresentar materiais variados, como objetos sensoriais, livros ilustrados e instrumentos musicais;
- Estimular perguntas ou hipóteses (“O que será que acontece se a gente misturar essas cores?”);
- Dar tempo para a criança tomar decisões, mesmo que isso leve alguns minutos;
- Observar os interesses da criança e ampliar a experiência com base neles.
Esse tipo de estímulo fortalece a comunicação funcional e a autoconfiança da criança, criando conexões positivas com o aprendizado.
E na escola, como essa curiosidade pode ser trabalhada?
Na escola, o professor atua como mediador da aprendizagem. Para crianças com autismo, essa mediação precisa considerar suas formas singulares de explorar o ambiente. Algumas estratégias incluem:
- Modelar ações — mostrar como usar um objeto, brincar ou responder a uma pergunta;
- Compartilhar atenção — apontar, comentar e olhar junto com a criança;
- Valorizar tentativas — reconhecer e dar sentido a cada forma de resposta, mesmo que não seja verbal;
- Reorganizar o ambiente — alternar objetos disponíveis, incluir novidades ou montar espaços sensoriais.
A escola pode ainda observar os sinais de autismo em sala de aula e adaptar suas estratégias para torná-las mais responsivas à realidade de cada aluno.
Brincar também é investigar
A brincadeira é uma das linguagens mais potentes da infância. No TEA, o brincar investigativo — quando a criança explora um objeto, inventa um uso diferente ou repete ações para entender como algo funciona — precisa ser incentivado e respeitado.
💡 Estimular a iniciativa é reconhecer a criança como sujeito ativo da própria aprendizagem — mesmo que ela precise de apoio para começar.
Na terapia ABA no autismo, por exemplo, há técnicas específicas para promover comportamentos de exploração, interesse compartilhado e engajamento social, sempre respeitando os limites e preferências individuais.
O papel da bloomy no incentivo à curiosidade e à autonomia
Na bloomy, acreditamos que toda criança pode descobrir o mundo — no seu tempo, com apoio, respeito e incentivo. Nosso trabalho envolve:
- Estímulo à iniciativa por meio de abordagens baseadas em evidências;
- Atividades sensoriais e lúdicas estruturadas;
- Apoio aos pais e professores com orientações práticas;
- Envolvimento de uma equipe multidisciplinar especializada.
Além disso, oferecemos suporte para famílias e escolas com foco na corresponsabilidade e na formação de uma rede de cuidado. Entendemos que o desenvolvimento é mais eficaz quando todos os ambientes estão alinhados — casa, escola e clínica — por isso, fortalecemos esse elo com escuta ativa e ações conjuntas.
Se você quer entender mais sobre como o desenvolvimento infantil pode ser favorecido com estratégias integradas, conheça nosso artigo sobre a importância do tratamento multidisciplinar para crianças com autismo.