Quando se fala em superdotação e autismo, muitas dúvidas surgem. Afinal, é possível que uma criança seja autista e superdotada ao mesmo tempo? Elas se confundem? Quais os sinais que diferenciam uma da outra? Esses questionamentos são comuns entre pais, educadores e profissionais de saúde.
Embora sejam condições distintas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) podem compartilhar algumas características, o que torna essencial conhecer suas particularidades para que o suporte oferecido à criança seja o mais adequado possível.
O que é superdotação?
Superdotação, ou altas habilidades, é uma condição em que o indivíduo apresenta desempenho significativamente acima da média em uma ou mais áreas — como raciocínio lógico, criatividade, memória, linguagem, liderança ou habilidades acadêmicas.
No Brasil, o conceito é definido pela Lei nº 13.234/2015, que prevê atendimento educacional especializado a esses estudantes. Vale destacar que uma criança superdotada não é apenas aquela que tira boas notas: ela pode apresentar curiosidade intensa, pensamento rápido, hipersensibilidade emocional e interesse profundo por temas específicos desde muito cedo.
E o que é o autismo?
Já o Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Crianças com TEA podem demonstrar interesses restritos, dificuldades com linguagem figurada, comportamentos repetitivos e sensibilidade sensorial.
É importante observar que o autismo se manifesta em diferentes níveis de suporte (leve, moderado ou severo) e em variados perfis. Muitas vezes, os primeiros indícios aparecem ainda na primeira infância e podem ser percebidos com mais clareza no ambiente escolar.
Por isso, identificar sinais de autismo em sala de aula pode ser decisivo para o diagnóstico precoce.
Quais as principais semelhanças entre eles?
Apesar de distintos, superdotação e autismo compartilham algumas manifestações comportamentais:
- Hiperfoco: dedicação intensa a um único tema por longos períodos;
- Isolamento social: dificuldade em interagir com colegas ou preferência por atividades solitárias;
- Interesses incomuns ou avançados: desde áreas acadêmicas complexas até temas específicos e inusitados;
- Estímulo precoce à linguagem: em alguns casos, tanto autistas quanto superdotados apresentam vocabulário avançado desde cedo.
Essas semelhanças podem gerar confusões diagnósticas, principalmente em casos de autismo leve ou superdotação com traços autísticos.
Quais as principais diferenças entre eles?
As diferenças, no entanto, são fundamentais:
- Vida social: enquanto autistas podem ter dificuldades de leitura social e interesse limitado por interações, superdotados costumam buscar contato, mas podem ser incompreendidos;
- Flexibilidade cognitiva: crianças superdotadas tendem a ter mais facilidade de adaptação e raciocínio fluido. Já autistas apresentam, muitas vezes, rigidez de pensamento;
- Interesses: os superdotados podem variar de tema ao longo do tempo; no TEA, o interesse restrito é geralmente persistente;
- Processamento sensorial: mais comum e intenso no autismo, podendo afetar rotinas e comportamentos.
Para aprofundar a compreensão, vale a leitura sobre os sinais de autismo.
É possível ter ambos, superdotação e autismo?
Sim. A condição é conhecida como dupla excepcionalidade. Ou seja, quando a criança é tanto autista quanto superdotada. Essa combinação pode fazer com que certos sinais se anulem, dificultando o diagnóstico.
Por exemplo, a facilidade cognitiva pode mascarar desafios sociais típicos do autismo, enquanto comportamentos restritivos podem ser atribuídos apenas à superdotação. Isso reforça a importância de uma avaliação multidisciplinar cuidadosa e contínua.
Sinais de superdotação em crianças dentro do espectro autista
Identificar a superdotação em crianças autistas exige atenção a sinais como:
- Habilidades avançadas em áreas específicas (como cálculo, música ou memória);
- Facilidade extrema com tecnologias ou linguagens de programação;
- Criatividade incomum para resolução de problemas;
- Vocabulário muito amplo e sofisticado, mesmo em meio a dificuldades sociais;
- Curiosidade intensa e questionamentos complexos para a idade.
Nesses casos, um plano de apoio deve considerar tanto os pontos fortes quanto os desafios do TEA.
Principais desafios enfrentados por autistas com superdotação
Crianças com autismo e superdotação podem enfrentar barreiras como:
- Subestimação ou superestimação por parte de professores e familiares;
- Dificuldades emocionais relacionadas à frustração e ansiedade;
- Baixa autoestima por não se sentirem pertencentes a grupos;
- Falta de estratégias adequadas nas escolas para lidar com habilidades discrepantes.
Essas crianças precisam ser reconhecidas como únicas, com potencial e necessidades específicas que não se encaixam em modelos tradicionais de ensino.
Como oferecer suporte educacional e emocional adequado
Na bloomy, o atendimento é construído com base na singularidade de cada criança, incluindo aquelas que apresentam duplas excepcionalidades. Por isso, a clínica oferece suporte educacional e emocional por meio de:
- Equipe multidisciplinar integrada, com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos;
- Aplicação de testes padronizados e entrevistas clínicas com foco no perfil cognitivo, comportamental e emocional da criança;
- Estratégias baseadas na terapia ABA no autismo, com planos personalizados que respeitam e ampliam as potencialidades;
- Apoio à família e à escola para garantir um ambiente que favoreça tanto o desenvolvimento social quanto o cognitivo;
- Tratamento multidisciplinar para crianças com autismo, ajustado às necessidades emocionais e educacionais de cada perfil.
O objetivo é garantir que crianças com superdotação e TEA possam florescer de forma integral, com respeito, autonomia e acolhimento.