Conviver com um irmão ou irmã com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma experiência única e complexa. Para os irmãos neurotípicos, esse relacionamento pode despertar uma gama de emoções — amor, orgulho, ciúmes, frustrações, sentimento de responsabilidade precoce, entre outros. Já para a criança com TEA, o vínculo fraterno pode representar uma ponte essencial para o desenvolvimento da linguagem, das habilidades sociais e da autonomia.
Essa relação, quando bem orientada, tem potencial para se tornar um espaço de crescimento mútuo, empatia e aprendizado. Mas é necessário que as famílias e escolas estejam atentas às necessidades de todos os envolvidos.
O impacto da relação entre irmãos no desenvolvimento socioemocional
Pesquisas como a de Ceballos & Santos (2020) apontam que o laço fraterno tem influência significativa no desenvolvimento emocional, comportamental e social de ambos os irmãos — tanto do neurotípico quanto da criança com autismo.
Ao conviver com um irmão com TEA, a criança neurotípica pode desenvolver desde cedo um olhar mais empático, maior senso de responsabilidade e compreensão sobre as diferenças. No entanto, esses ganhos só se concretizam quando há escuta ativa, acolhimento das emoções e suporte adequado por parte dos adultos.
Como conversar com os irmãos sobre o autismo?
Um passo importante é incluir os irmãos nas conversas sobre o diagnóstico, explicando de maneira acessível o que é o autismo e o que pode influenciar o comportamento do irmão ou irmã com TEA.
Adaptar a linguagem de acordo com a idade da criança é essencial. Expressões simples como “o cérebro do seu irmão funciona de um jeito diferente” ou “ele aprende melhor quando repetimos as coisas” podem ajudar a reduzir mal-entendidos e frustrações.
Também é importante:
- Validar sentimentos negativos, como ciúmes ou raiva;
- Evitar cobranças excessivas de maturidade;
- Propor momentos de convivência equilibrada e prazerosos para todos os irmãos;
- Oferecer atenção individualizada sempre que possível.
Esse tipo de comunicação fortalece os laços familiares e contribui para o bem-estar emocional de todos.
O papel da escola na relação entre irmãos
Quando irmãos frequentam a mesma escola, é essencial que o ambiente escolar compreenda e respeite as dinâmicas familiares envolvidas. Muitas vezes, o irmão neurotípico pode sentir vergonha, sobrecarga ou medo de julgamentos por causa do comportamento atípico do irmão com TEA.
Para evitar isso, a escola pode adotar algumas práticas:
- Promover rodas de conversa sobre empatia e neurodiversidade;
- Estimular projetos colaborativos entre irmãos;
- Observar sinais de sofrimento emocional e encaminhar, se necessário;
- Evitar comparações ou expectativas de que o irmão atue como “cuidador” em sala de aula.
Essas atitudes contribuem para que os irmãos cresçam juntos com compreensão e respeito às diferenças.
Benefícios da relação fraterna para a criança com TEA
Para a criança com autismo, o convívio com irmãos pode favorecer diversos aspectos do seu desenvolvimento:
- Habilidades sociais: aprendidas em interações cotidianas e espontâneas;
- Imitação funcional: a criança com TEA pode observar e repetir ações realizadas pelo irmão;
- Vínculo afetivo seguro: irmãos costumam oferecer um tipo de presença constante e afetuosa, o que favorece a regulação emocional;
- Iniciativa para brincar: muitos jogos e interações são mais bem aceitos quando iniciados por irmãos.
Com apoio adequado, a relação entre irmãos pode ser um dos recursos mais poderosos para estimular a criança com TEA.
Como a bloomy apoia a relação entre irmãos no contexto do autismo
Na bloomy, entendemos que a inclusão começa dentro da família. Por isso, nosso cuidado vai além da criança com diagnóstico — buscamos acolher toda a rede ao seu redor.
Nossas práticas envolvem:
- Escuta qualificada aos familiares, incluindo os irmãos;
- Orientações sobre como incluir os irmãos no cotidiano terapêutico e nas brincadeiras;
- Apoio à comunicação familiar com linguagem acessível;
- Projetos que envolvem a família como parceira no desenvolvimento.
Oferecemos também suporte emocional e educacional por meio de nossa equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, entre outros profissionais especializados em neurodesenvolvimento e relações familiares.
Na bloomy, acreditamos que crescer juntos é possível — e transformador.