Festas temáticas, dias de “cabelo maluco”, fantasias e roupas diferentes fazem parte da rotina de muitas escolas. Esses momentos lúdicos não apenas alegram o cotidiano como também ajudam as crianças a expressarem criatividade, pertencimento e aspectos da própria identidade. Mas quando falamos de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é fundamental pensar essas celebrações com um olhar sensível e individualizado.
Nem toda criança com autismo vai se sentir confortável ao pintar o cabelo, usar roupas diferentes ou estar em ambientes festivos. A rigidez nas preferências, a sensibilidade sensorial e a necessidade de previsibilidade são aspectos que precisam ser considerados. Ao mesmo tempo, muitas crianças com TEA têm enorme prazer em participar dessas experiências — desde que se sintam seguras e respeitadas em sua forma única de viver o lúdico.
Por que celebrar o lúdico pode ser importante no autismo?
A infância é marcada por rituais simbólicos que ajudam a construir memórias, vínculos e identidade. Para crianças com TEA, esses momentos podem representar desafios — mas também oportunidades.
Participar de eventos como o Dia do Cabelo Maluco ou o Carnaval na escola pode ser uma maneira potente de estimular:
- A autonomia na escolha de adereços e fantasias;
- O desenvolvimento da linguagem e da comunicação (por meio de brincadeiras, narrativas e interações sociais);
- A flexibilidade cognitiva, ao experimentar algo novo ou inusitado;
- O pertencimento ao grupo, fortalecendo os laços com colegas e professores.
Contudo, para que esses benefícios aconteçam, é preciso garantir previsibilidade, adaptações e liberdade de escolha. Nenhuma criança deve ser forçada a participar. A experiência precisa partir do desejo e do conforto individual.
Identidade no autismo: o que está em jogo?
A construção da identidade na infância acontece por meio de experiências sociais, culturais e emocionais. Para crianças autistas, esse processo pode seguir caminhos diferentes — nem sempre lineares ou facilmente interpretáveis pelos adultos.
Permitir que a criança escolha sua fantasia preferida, participe das comemorações do seu jeito (mesmo que sem contato visual ou com adereços específicos) e seja acolhida mesmo quando se recusa a se fantasiar é uma forma concreta de reconhecer e validar sua identidade.
💡 Respeitar a forma única da criança estar no mundo também é uma forma de inclusão.
Dicas para tornar as celebrações mais inclusivas
A seguir, algumas estratégias práticas que ajudam a tornar eventos festivos mais acolhedores para crianças com TEA:
Planeje com antecedência
Antecipe o evento com imagens, vídeos e explicações visuais. Isso ajuda a reduzir a ansiedade causada por mudanças na rotina e aumenta as chances de engajamento.
Ofereça opções
Nem todas as crianças vão querer pintar o cabelo, mas podem aceitar usar um acessório simbólico. O importante é ter alternativas acessíveis e sem julgamentos.
Acolha recusas
A criança não quis participar? Tudo bem. O acolhimento deve estar presente mesmo nos momentos de recusa, sem penalização ou exposição.
Dê tempo e espaço
Algumas crianças precisam de tempo para observar antes de se envolver. Respeite esse ritmo.
Escute as famílias
Elas conhecem melhor os sinais de desconforto, os interesses e os limites da criança. Estar em sintonia com a família é essencial para promover uma experiência positiva.
Como a bloomy atua na construção da identidade infantil
Na bloomy, valorizamos cada experiência como uma oportunidade de respeitar, fortalecer e celebrar a identidade das crianças autistas. Nossos atendimentos, realizados por equipes multiprofissionais, incluem:
- Atividades lúdicas planejadas com intencionalidade terapêutica;
- Respeito absoluto às preferências sensoriais e comunicacionais de cada criança;
- Promoção da autonomia em pequenas decisões do dia a dia;
- Estimulação da iniciativa e da imaginação por meio do brincar investigativo.
Além disso, orientamos famílias e escolas sobre como criar contextos de participação reais — inclusive em momentos festivos e simbólicos. Porque acreditamos que toda criança pode brincar, celebrar e construir sua identidade — no seu tempo, do seu jeito.